Aos Cemitérios Esquecidos


Eis o lugar de arrepios aos estúpidos

És onde minhas doces lágrimas descarrego

Noites e noites, morada de meus devaneios distraídos

E aos túmulos e a solidão que me apego

Tamanha distração que nem licença peço

Ao me deitar sobre sepulturas particulares

Anjos mortos solitários em seus lares

E nessa morbidez em padeço

Um mar imenso de estacas e cruzes

Anjos de mármore, sinais da morte

Aqui na eterna escuridão, jamais acendam luzes

Nessa desgraçada vida nunca tive sorte

O barulho do mundo foi minha tortura

Aqui no mar do esquecimento, a paz é minha cura

Se na vida nunca tive sorte

É então aqui nesse cemitério prefiro a morte.



By Docristo

Desolação

As luzes se apagaram

Os céus escurecendo

As portas se fecharam

Vidas se perderam

Vazio é meu coração

Vida fingida e fria

Apenas lembranças restaram

Do tempo em que eu vivia

Solidão

A nuvem negra que guarda meu coração

Eternidade

É o amanhã que me traz a sanidade

Minha deusa se mostra com elegância

Por trás das nuvens, a longa distância

Seu manto acinzentado a revela

Oh, senhora Lua, é tão bela

Só você me resta agora

Minha carne foi-se embora

Aqui estou, sentado em minha tumba

Escrevendo tristes poesias

Minha senhora, és minha coroa

Nesta perfeita noite fria

De volta ao meu lar, o cemitério

Tudo o que me pertence está aqui

Folhas mortas, profundo vazio

Oh, senhora Lua... eu morri!!!

Lembranças em uma Noite Fria

A noite chega
trazendo escuridão
e o vento carrega
até mim a solidão

me lembra como era
lhe tocar,
uma rosa sem espinhos
lhe saborear,
como o mais nobre dos vinhos

Para mim o que resta é sonhar
lembrar como era estar contigo
antes da morte me levar
ao túmulo, meu último abrigo.

Em meus sonhos voce esta em todo lugar


Jamas serei so na Madrugada




Já passa das três da manhã, estou caminhando pela rua praticamente deserta já que estou caminhando há horas e ainda não cruzou uma alma nem viva nem morta em meu caminho. Nunca ando só, nicotina e álcool sempre me fazem companhia.
Senti um arrepio... Deve estar fazendo um pouco de frio não sei, a segunda garrafa de vinho me aquece um pouco, talvez deveria ter pego um casaco.
A noite está perfeita, céu limpo e uma lua extraordinariamente linda e cheia. Paro e bebo mais um gole antes de acender outro cigarro, enquanto dou a primeira tragada sinto uma sensação estranha, pareço estar sendo seguido ou observado. Olho a minha volta e não vejo movimento algum. Olho novamente pra ter certeza pois a quinta garrafa começa a fazer efeito, mas não enxergo nada de diferente, a rua continua vazia. Continuo meu caminho sem rumo.
Enquanto divido minhas confusões com minha garrafa entre uma tragada e outra, sou surpreendido pelo som de passos fortes, mas não sei ao certo em qual direção está vindo, não sei se paro ou se continuo, já meio desconfiado resolvi olhar para trás mas continuei sem ver muita coisa pois agora a neblina havia aumentado, mas quando olho novamente para frente sou quase que levado por um vento forte que veio de repente, bom resolvi mudar o trajeto um pouco afinal estava naquela direção há algum tempo mesmo. Estava perto de uma igreja onde tem uma escadaria, vou me sentar por lá e dar um descanso as pernas.
Sentei nas escadas e acendi mais um cigarro depois do ultimo gole de vinho, como de costume quebrei a garrafa. Notei uns pingos de vinho pelo chão, mas não me lembro de ter derramado nada no chão e quando quebrei a garrafa não havia mais nenhum gole lá dentro, cheguei mais perto pra ver... Minha nossa... É sangue! Será que estou tão bêbado que me cortei e não senti?
Enquanto eu pensava no sangue que estava no chão ouvi um gemido que vinha do lado de dentro da igreja. Fiquei pensando em talvez olhar o que poderia ter acontecido, quando a porta abriu, esperei mas ninguém saiu ou entrou.
Subi as escadas pensando se eu devia ou não, entrei...Olhei...Nenhum movimento.
Achei que talvez fosse algum padre pedófilo sem vergonha e saí, afinal o que eu faria dentro de uma igreja.
Segundo o relógio que havia na frente da igreja eram exatamente cinco horas e cinco minutos. Lembrei do cemitério que havia atrás da igreja, como era caminho de volta pra casa resolvi dar uma olhada. Enquanto caminhava entre os túmulos e como de costume lendo as lápides, senti outra vez aquele mesmo arrepio de antes, e agora não estava frio, em seguida o mesmo vento... (risos) acho que estou mesmo bêbado... (risos)..que estranho

senti algo esquisito, passei a mão no pescoço e havia sangue, acho que estou tonto... Caí em meio as lápides...
E so agora me dei conta, que sou um ser da noite escura.



Por Docristo O Cigano

Ária às Almas

Eu venho aqui cantar para as almas,
Arranhar a lira soturna dos lamentos.
É nesta hora nefasta que a dor em mim preside,
Assim como vermes sobre a carne podre.

Esses espectros que semeiam minhas angústias,
Abafadas pelo silente desespero de quem busca a morte,
São a vil personificação de meus demônios.
Que me devoram a cada instante com iniqüidade.

Fatidicamente vilipendiado, nasci do gene dos seres sofredores.
Vítima do atavismo medonho de minha estirpe,
Sucumbi-me ao jugo da solidão perene.

Escutem, infaustas almas, meu canto de agonia:
Quis eu, a ventura de Endimião,
Passar a vida sob sono perpétuo...